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Á g u a s a z u i s


Águas azuis sobre areia branca de Genipabu era uma tarde de sol lindo dourado. Eu estava sentado contemplando o mar esperando o pôr do sol e brisa da noite lendo sobre Iracema, a virgem dos lábios de mel, e usufruindo tudo que a natureza e a vida nos oferece. Meus olhos estavam voltados para o mar azul esverdeado; espumas brancas, cenário belíssimo, gaivotas sobrevoando o mar, o pôr do sol aproximando-se, ondas calmas espumantes. De repete surge das águas um misto de sereia com Iracema, ela era lindíssima, cabelos longos, preto reluzente, pele bronzeada, corpo torneado, pernas longas, cintura prefeita, busto exuberante, sorriso farto, boca linda, lábios carnudos, olhos verdes como as águas de Genipabu.
Eu fique estático diante de tanta beleza. Ela ao sair das águas com seus cabelos molhados, trajando um mini biquíni branco que combinava com seu sorriso. Aproximamos-nos, ficamos parados nos olhando, não nos tocamos, só pelos olhares, um século seria pouco pra Leonardo da Vinci descrever àquele, monumento humano sobre as areias brancas de Genipabu. Ela disse:
- Olá! Oi tudo bem? Sim, pena que o dia está terminando. Ah! Vem o pôr do sol, a lua clara, pôs hoje lua nova. Ficamos conversando por alguns instantes, lembrei-me de oferecer a toalha pra que ela assenta-se, ficamos conversando longamente sobre assuntos variados, veio o pôr do sol, veio à noite finalmente, a lua nova, linda, clareando as dunas, os coqueiros, com suas folhas verdes como as águas do mar, as dunas iluminadas pelo clarão da lua, ali tudo era belo, só nós dois e as gaivotas no céu em um bailado alucinante, eu não sabia se olhava para ela ou para a lua. O mar azul, as dunas ficaram mais brancas como o brilho da lua, era um cenário inesquecível, já estava ficando tarde e eu não sabia nem seu nome, não sabia como ela tinha chegado à praia. Perguntei:
- Onde você mora? Ela riu, um sorriso puro como o clarão da lua, riu longamente e disse:
- Moro aqui mesmo em Genipabu. Qual o seu nome? Ela sorriu novamente, meu nome é Aracy, mãe do mel, doçura, eu sou irmã de Iracema que é de José de Alencar.
- Você está de brincadeira comigo?
- Não, eu sou a Aracy irmã de Iracema do livro de José de Alencar.
- Onde Iracema mora?
- Ela mora em Fortaleza, com o marido José de Alencar.
-Mas José de Alencar não faleceu no Rio de janeiro em 12 de dezembro de 1877?
- Não é verdade, ele está muito vivo e feliz com a esposa e com seus filhos no bairro da Varjota, na Volta da Jurema, com um casal de filhos.
- Como chamam?
- Ubiratã, tacape forte, o dragão do mar, e Yara, a deusa das águas. É uma família belíssima. Aracy você agora deu nó na minha cabeça, não sei se acredito na histária dos livros ou em você.
- Você pode acreditar no que estou te falando, é mais pura verdade.
- Como você parou aqui no Rio Grande do Norte?
- É uma longa história disse. Apaixonei-me por um pescador que morava na Majolândia, nos conhecemos numa festa das comunidades Indígenas do Nordeste. Ele era um cariris, foi meu primeiro amor, uma paixão avassaladora, um amor dominante. Meus pais de início foram contra, mas depois aceitaram numa boa, casamos em grande estilo, a festa duro sete dias. Todas as tribos do Norte e Nordeste foram convidadas, participaram em grande estilo, foi uma grande festa.
- Onde está teu marido?
-Ele sofreu um acidente no mar em frente esta praia, por isso, que eu venho todos os dias aqui pra encontrar-me com ele. Ele não morreu, ele está dormindo em algum lugar da costa rio grandense.
- Como você sabe?
- Umas amigas minhas sereias viram ele dormido, elas vieram me avisar, quando chegamos ele não estava mais.
- Vocês tiveram filhos?
- Só um menino chamado Ubirajara, senhor das terras, ele estava com o pai na jangada dormido na hora do acidente, mas já se passaram muitos anos, pra mim, foi ontem, ainda estou vendo ele em sua jangada, colocando os peixes no samburá. Quando ele saía pra pescar era uma tristeza, mas quando eles voltavam fazíamos uma festa.
- Desde quando você vem aqui?
- Desde o dia do terrível acidente. A festa foi em 1861, casei-me logo em seguida, o acidente foi 1871, no dia 6 de outubro. O mar estava agitado.
-Quantos anos o filho de vocês tinha?
- Tinha apenas 10 anos.
- Então você mora aqui?
- Moro aqui desde este tempo.
- Já faz cento e quarenta e um anos que você vem aqui todos os dias?
- Sim, ficarei o tempo que for preciso e agora tenho que ir embora. Foi um prazer conversar com você, fazia muitos anos que eu só conversava com as sereias e os golfinhos são todos meus amigos.
Fique suspenso na areia com aquela conversa. Levantou-se e saiu correndo para as águas.
Eu disse para ela não ir embora, mas ela continuou correndo rumo ao mar, mergulho nas águas azuis de Genipabu e sumiu.
De repente o despertador toca. Eram 05 horas da manhã e fiquei pensando se tudo não passou de um simples devaneio ou tudo aquilo foi realidade. Agora, todas as tardes eu vou à praia de Genipabu, praia deslumbrante, terra dos jenipapos à procura da virgem morena dos lábios de mel (...)


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Antonio Laurentino Sobrinho
Enviado por Antonio Laurentino Sobrinho em 14/11/2012
Alterado em 25/12/2013
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